Como usar jogos de tabuleiro colaborativos para desenvolver habilidades socioemocionais em crianças com TEA
Descubra como jogos de tabuleiro colaborativos podem desenvolver habilidades socioemocionais em crianças com TEA, promovendo cooperação, comunicação e autorregulação.

Na busca por estratégias eficazes para desenvolver habilidades socioemocionais em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), os jogos de tabuleiro colaborativos despontam como ferramenta valiosa. Esses jogos, além de promoverem o engajamento lúdico, estimulam a comunicação, a cooperação e a autorregulação emocional em um ambiente seguro. Ao incorporar materiais acessíveis e regras adaptáveis, é possível personalizar cada sessão de jogo para atender às necessidades específicas de cada criança. Se você busca incorporar jogos de tabuleiro colaborativos para TEA em seu plano de atendimento, este guia apresentará critérios de seleção, dicas de adaptação e recursos complementares para maximizar resultados.
Benefícios dos jogos de tabuleiro colaborativos para crianças com TEA
Os jogos de tabuleiro colaborativos oferecem um cenário estruturado onde cada participante contribui para um objetivo comum. Para crianças com TEA, essa dinâmica favorece a prática de turn-taking, cooperação e solução conjunta de problemas, fortalecendo o senso de pertença ao grupo. Além disso, ao trabalhar em equipe, as crianças exercitam habilidades de comunicação verbal e não verbal, ampliando repertórios de linguagem social e interpretando pistas visuais e gestuais dos colegas.
Um estudo recente da Association for Psychological Science destaca que atividades cooperativas podem reduzir comportamentos de isolamento social em crianças com TEA, promovendo maior engajamento e confiança. Ao contrário de jogos competitivos, a ênfase na vitória do grupo encoraja motivação intrínseca e reduz a ansiedade relacionada ao desempenho individual.
Em sessões combinadas com tecnologias, como os jogos de realidade aumentada para aprimorar habilidades sociais em crianças com TEA, a experiência lúdica se torna ainda mais enriquecedora. Entretanto, mesmo em formatos tradicionais de tabuleiro, é possível explorar materiais sensoriais, auxiliando na regulação tátil e auditiva. A interação prolongada e as celebrações compartilhadas ao completar fases ou desafios também fortalecem vínculos afetivos entre as crianças e o mediador.
Por fim, os jogos colaborativos treinam a resiliência emocional: diante de obstáculos, as crianças aprendem a lidar com frustrações, gerenciando emoções em um contexto controlado antes de enfrentar desafios no cotidiano escolar ou familiar.
Critérios para selecionar jogos de tabuleiro colaborativos para crianças com TEA
Ao escolher jogos de tabuleiro colaborativos para TEA, observe aspectos como complexidade das regras, componentes sensoriais e nível de flexibilidade. Jogos com instruções claras e poucas etapas podem facilitar a compreensão para crianças com dificuldades de atenção. Prefira materiais com peças grandes e fáceis de manipular, evitando itens muito pequenos que possam gerar frustração ou risco de engolimento.
Outro ponto fundamental é o design sensorial dos componentes: texturas diferenciadas, cores contrastantes e elementos sonoros podem tornar o jogo mais envolvente. Avalie se as peças têm superfícies lisas ou diamantadas e se há possibilidade de incluir acessórios como tapetes táteis ou dados sonoros. Esses recursos auxiliam no controle sensorial e na manutenção do foco.
A temática do jogo deve ser relevante ao universo infantil e suscitar curiosidade, seja através de animais, exploração espacial ou aventuras fantásticas. Histórias que envolvam personagens cooperando para vencer um vilão ou salvar um mundo estimulam a imaginação e favorecem a prática de empatia.
Verifique ainda se o jogo permite adaptabilidade nas regras: em momentos iniciais, flexibilize limites de tempo ou condições de vitória para evitar sobrecarga. Gradualmente, aumente o desafio conforme a criança evolui, criando um ciclo de aprendizagem graduada. Instrutores podem anotar observações em um portfólio para ajustar o nível de dificuldade em sessões posteriores.
Exemplos de jogos de tabuleiro colaborativos indicados para TEA
Existem diversas opções no mercado que se encaixam nos critérios acima. Abaixo, apresentamos alguns títulos e como cada um atende às necessidades de crianças com TEA:
- Forbidden Island: jogo de aventura onde os jogadores cooperam para recuperar tesouros antes que a ilha afunde. Regras simples e componente visual forte ajudam na compreensão. Confira na Amazon.
- Outfoxed!: uma espécie de “clue” colaborativo para crianças pequenas, em que investigam pistas para descobrir quem roubou a torta. Estimula atenção aos detalhes e dedução lógica.
- Hoot Owl Hoot!: jogo de color matching onde todos ajudam a coruja a voltar ao ninho antes do amanhecer. Permite usar cartões texturizados para integrar estímulos táteis.
- River Dragons: requer que os jogadores construam pontes e caminhos para ajudá-los a atravessar um rio agitado. Bom para trabalhar planejamento e visão espacial.
- Robin Hood and the Merry Men: adaptação cooperativa de jogos de estratégia com temática medieval. Ideal para crianças mais velhas, pode ser usado em turmas heterogêneas.
Em cada escolha, avalie a idade recomendada e ajuste as versões “junior” quando disponíveis, especialmente para crianças com suporte cognitivo mais intenso.
Dicas de adaptação das regras e do ambiente para otimizar o engajamento
Para potencializar a experiência, adapte as regras criando versões simplificadas dos jogos. Utilize cartões de apoio com sequência de ações ilustradas por símbolos ou fotos, reduzindo a demanda de leitura. Caso a criança apresente resistência à mudança, introduza uma carta de “ajuda”, permitindo que ela solicite orientação extra sem constrangimento.
Organize o espaço de jogo em uma mesa com baixas distrações visuais. Inclua tapetes antideslizantes para delimitar a área e coloque materiais sensoriais próximos, como bolinhas de gel ou rolos de textura, para uso nos intervalos. Um cronômetro visual, como ampulheta colorida, ajuda no controle do tempo de cada rodada.
Estabeleça rituais no início e no final de cada sessão: cantos de boas-vindas e de encerramento podem acalmar e preparar as crianças. No fim do jogo, promova um breve momento de feedback em que cada participante compartilha uma conquista ou sentimento. Essa prática fortalece a metacognição e a autorreflexão.
Em contexto escolar, articule o uso dos jogos colaborativos com o Atendimento Educacional Especializado na Educação Infantil, integrando as atividades lúdicas ao currículo e aos objetivos de desenvolvimento individual.
Integração de materiais sensoriais e recursos complementares
Combinar jogos de tabuleiro colaborativos com materiais sensoriais amplia o suporte à autorregulação. Utilize almofadas de peso leve para oferecer conforto, luvas texturizadas para estímulo tátil ou fones de ouvido com redução de ruído para crianças sensíveis a sons altos. Esses acessórios podem ser acionados conforme necessidade durante as partidas.
Monte uma caixa de materiais ao lado do tabuleiro, disponível para que a criança acesse sempre que precisar de um estímulo extra. Para isso, consulte dicas de como montar uma caixa de materiais sensoriais para educação inclusiva, selecionando itens como squeezes, massas sensoriais e mini tapetes de diferentes superfícies.
Em ocasiões de alto estresse ou frustração durante o jogo, proponha uma pausa sensorial: a criança interage com um objeto de sua preferência antes de retomar a atividade, reduzindo picos de ansiedade.
Como avaliar o progresso e documentar resultados
Acompanhamento sistemático é essencial para verificar ganhos e ajustar intervenções. Crie uma ficha de observação com indicadores de cooperação, troca de turnos, iniciativa para comunicar-se e autorregulação. Anote comportamentos positivos e desafios, registrando data, contexto e grau de independência.
Incorpore o uso de portfólio digital como ferramenta de documentação. Registre fotos, vídeos e relatos em um ambiente seguro e acessível aos responsáveis. Saiba mais em Portfólio Digital na Educação Infantil: Guia Prático para Registrar o Desenvolvimento das Crianças.
Periodicamente, compartilhe relatórios com familiares e equipe pedagógica, definindo juntos novas metas e estratégias. Esse processo colaborativo favorece a continuidade das práticas em diferentes contextos.
Recomendações de leitura e recursos para aprofundar conhecimentos
Para aprofundar seu embasamento teórico-prático, recomendamos alguns livros e materiais sensoriais complementares:
- Neurociência na Sala de Aula – livro técnico sobre aplicações de princípios neurocientíficos em práticas pedagógicas.
- Jogos e Brinquedos para a Inclusão – guia de seleção e adaptação de recursos lúdicos para diversos perfis de aprendizagem.
- Manual de Autorregulação Emocional – estratégias práticas para apoiar crianças com dificuldades de regulação.
Além disso, vale explorar outras coleções de jogos pedagógicos colaborativos e materiais sensoriais específicos para crianças com TEA.
Conclusão
Os jogos de tabuleiro colaborativos representam recurso poderoso para estimular habilidades socioemocionais em crianças com TEA, fortalecendo comunicação, cooperação e autorregulação. Ao escolher títulos adequados, adaptar regras, integrar materiais sensoriais e documentar resultados, psicopedagogos e educadores podem potencializar cada sessão de maneira sistemática e personalizada. Insira essas práticas em seu planejamento e acompanhe de perto o progresso, promovendo um aprendizado inclusivo e transformador.