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Estimulação Proprioceptiva em Crianças com TDAH: Exercícios e Materiais Essenciais

Descubra como a estimulação proprioceptiva pode melhorar a atenção e o autocontrole em crianças com TDAH com exercícios e materiais sensoriais.

Estimulação Proprioceptiva em Crianças com TDAH: Exercícios e Materiais Essenciais

A estimulação proprioceptiva é uma abordagem poderosa para auxiliar crianças com TDAH a desenvolverem maior concentração, autocontrole e regulação emocional. Ao integrar atividades que envolvem pressão profunda, movimento e compressão do corpo, é possível ativar receptores sensoriais e promover a liberação de neurotransmissores como dopamina e serotonina. Isso reforça circuitos neurais responsáveis pela atenção sustentada e pela autoestima, impactando positivamente o rendimento acadêmico e o bem-estar infantil.

Em atendimentos psicopedagógicos e na sala de aula inclusiva, a adoção de ferramentas como o colete de peso e a bola de estabilidade torna o processo de aprendizagem mais dinâmico e envolvente. O uso desses materiais, aliado a técnicas de compressão profunda, auxilia na autorregulação de impulsos e na gestão de estímulos sensoriais excessivos.

O que é propriocepção?

Propriocepção é o senso que permite ao cérebro detectar a posição e o movimento do próprio corpo no espaço, sem a necessidade da visão. Diferente dos sentidos tradicionais (visão, audição, tato), a propriocepção é mediada por receptores localizados em músculos, tendões e articulações. Esses receptores enviam informações contínuas ao sistema nervoso central, orientando ajustes posturais, coordenação motora e equilíbrios finos.

Na infância, o desenvolvimento adequado do sistema proprioceptivo é fundamental para a aquisição de habilidades motoras como escrita, recorte, atividades de vida diária e expressões corporais. Crianças com defasagens proprioceptivas podem apresentar movimentos desajeitados, falta de consciência espacial e dificuldade em perceber a força adequada para realizar tarefas. Esses desafios tornam-se ainda mais evidentes em indivíduos com TDAH, que já lidam com sobrecarga sensorial e impulsividade.

Ao estimular o sistema proprioceptivo por meio de atividades específicas, é possível criar uma base neural mais sólida para o controle motor e a regulação emocional. Essa estimulação ativa áreas do córtex pré-frontal, cerebelo e gânglios da base — regiões envolvidas na atenção, planejamento executivo e regulação de impulsos.

Para profissionais da psicopedagogia, compreender esse mecanismo é o primeiro passo para estruturar intervenções sensoriais eficientes. Ao mapear as necessidades individuais de cada criança, é possível selecionar exercícios e materiais que se alinhem aos objetivos terapêuticos e ao contexto educacional.

Entendendo a relação entre propriocepção e TDAH

Crianças com TDAH frequentemente apresentam hipo- ou hipersensibilidade sensorial, o que pode resultar em comportamentos dispersos, agitação motora e dificuldade de se manterem sentadas ou focalizadas. A disfunção no processamento proprioceptivo pode agravar esses sintomas, uma vez que o cérebro busca constantes feedbacks sensoriais para se organizar.

Estudos de neurociência apontam que a estimulação proprioceptiva promove o aumento da liberação de neurotransmissores que regulam o humor e a atenção. Simultaneamente, a pressão profunda e o movimento coordenado estimulam conexões entre áreas motoras e cognitivas, proporcionando melhora na autorregulação e no rendimento acadêmico.

Ao integrar atividades proprioceptivas em atendimentos psicopedagógicos, é possível observar aumento da tolerância a estímulos visuais e auditivos, redução da impulsividade e maior tempo de foco em tarefas. Além disso, essa prática fortalece a consciência corporal, o que se reflete na transição suave entre atividades e na diminuição de comportamentos disruptivos.

Para potencializar os resultados, recomenda-se combinar exercícios proprioceptivos com outras técnicas sensoriais, como aromaterapia e práticas de relaxamento. A aromaterapia para TDAH pode ser utilizada antes ou após os exercícios, criando um ambiente mais acolhedor e propício ao foco.

Benefícios da estimulação proprioceptiva para crianças com TDAH

A estimulação proprioceptiva traz diversos benefícios que impactam diretamente o desenvolvimento acadêmico e socioemocional de crianças com TDAH:

  • Melhora da atenção sustentada: Ao ativar circuitos sensoriais, aumenta-se a capacidade de manter o foco em atividades de leitura, escrita e resolução de problemas.
  • Redução da impulsividade: A pressão profunda e o movimento ajudam a regular o sistema nervoso, diminuindo comportamentos impulsivos e promovendo respostas mais ponderadas.
  • Desenvolvimento da proficiência motora: Exercícios coordenados fortalecem músculos e articulações, aprimorando a coordenação fina e grossa necessária para a manipulação de lápis, tesouras e demais instrumentos.
  • Regulação emocional: A propriocepção estimula a liberação de serotonina e dopamina, hormônios que contribuem para sensação de bem-estar e redução de ansiedade.
  • Aumento da autoconfiança: Ao perceber progresso em atividades práticas, a criança desenvolve consciência das próprias habilidades, fortalecendo sua autoestima.
  • Melhora na transição entre atividades: Ao estabelecer rotinas de estimulação, as mudanças de tarefa tornam-se menos estressantes e mais previsíveis.

Esses benefícios tornam a estimulação proprioceptiva um recurso valioso tanto em atendimentos individuais quanto em contextos de sala de aula inclusiva. A adoção de uma abordagem integrada, que combina exercícios, materiais sensoriais e estratégias de autorregulação — como os jogos de autorregulação — potencializa ainda mais os resultados.

5 Exercícios proprioceptivos práticos para intervenções psicopedagógicas

1. Rolamento com bola terapêutica

Utilize uma bola de estabilidade de 55 cm para apoiar a criança deitada de barriga para cima. Posicione a bola debaixo dos ombros e rolete-a lentamente até a região lombar, exercitando a musculatura dorsal e o núcleo abdominal. Esse movimento promove compressão suave e ativação de receptores sensoriais profundos.

2. Compressão profunda com rolos de espuma

Com a criança deitada em esteira ou tapete, posicione rolos de espuma nos braços e pernas. Instrua-a a realizar movimentos de “abraço” em torno dos rolos, simulando uma compressão profunda uniforme. Essa técnica é eficaz para acalmar o sistema nervoso e preparar para atividades de concentração.

3. Caminhada no equilíbrio

Use uma tábua de equilíbrio ou trilho de EVA para que a criança caminhe descalça, mantendo o tronco ereto. A instabilidade controlada estimula receptores plantares e articulações, incentivando ajustes posturais automáticos e reforçando a propriocepção corporal.

4. Atividades de empurrar e puxar

Incorpore exercícios com peso moderado, como empurrar carrinhos de brinquedo carregados ou puxar mochilas com livros. Esse tipo de esforço muscular de resistência ativa receptores proprioceptivos e fortalece membros superiores e inferiores.

5. Uso de colete de peso

O colete de peso infantil é ajustável e distribui pressão profunda de modo uniforme. Recomenda-se iniciar com 5% do peso corporal e ajustar conforme a tolerância, permitindo que a criança realize atividades motoras leves ou trabalhos de mesa.

Cada um desses exercícios pode ser aplicado de forma progressiva, respeitando o nível de conforto e engajamento da criança. A frequência ideal varia de 3 a 5 vezes por semana, em sessões de 10 a 15 minutos.

Materiais sensoriais recomendados e indicação de produtos

Para potencializar os resultados da estimulação proprioceptiva, é fundamental contar com materiais de qualidade. Abaixo, listamos opções amplamente utilizadas em intervenções psicopedagógicas:

  • Bolsa de gel sensorial: flexível, pode ser utilizada quente ou fria para variações de estímulo tátil.
  • Bola de estabilidade: ideal para rolamentos, saltos leves e suporte em exercícios de compressão. Confira opções em bola de estabilidade.
  • Tábua de equilíbrio: materiais de EVA com superfície antiderrapante auxiliam no desenvolvimento postural e equilíbrio.
  • Rolos de espuma: disponíveis em densidades variadas, permitem exercícios de compressão profunda personalizados.
  • Colete de peso: distribui carga uniforme e pode ser ajustado conforme o peso corporal.
  • Faixas elásticas terapêuticas: para resistência de membros superiores, ajudando no fortalecimento e propriocepção.
  • Puffs e almofadas de ar: para atividades de impulsão e aterrissagem controlada.

Esses materiais podem ser adquiridos em lojas especializadas em produtos sensoriais e em plataformas online. A escolha deve considerar a faixa etária, o conforto e a adaptabilidade às necessidades individuais de cada criança.

Como implementar na sala de aula inclusiva e em atendimentos domiciliares

Para garantir o sucesso da estimulação proprioceptiva em diferentes contextos, é importante planejar a sequência de atividades e integrar a família no processo. Na sala de aula, destine um espaço específico — como um cantinho sensorial — onde a criança possa interromper momentaneamente a aula e realizar os exercícios. A criação desse ambiente favorece a autonomia e reduz crises de impulsividade.

Em casa, oriente os responsáveis a manter a rotina diária desses exercícios antes das tarefas escolares e do momento de estudo. O comprometimento familiar reforça os ganhos terapêuticos e promove maior aderência às estratégias.

Combine a estimulação proprioceptiva com outras ferramentas de autorregulação consultadas em nosso site, como jogos digitais para memória de trabalho e técnicas de mindfulness para TDAH. Essa abordagem integrada reforça a formação de novas conexões neurais e facilita a transferência de habilidades para atividades escolares.

Monitore periodicamente o progresso por meio de registros de comportamento, escalas de atenção e feedbacks da criança. Ajustes nas cargas de peso, na intensidade dos exercícios e na frequência das sessões devem ser feitos conforme a evolução observada.

Conclusão

A estimulação proprioceptiva representa uma estratégia embasada em neurociência para apoiar crianças com TDAH no desenvolvimento da atenção, regulação emocional e habilidades motoras. Ao combinar exercícios específicos, materiais sensoriais adequados e práticas integradas com outras técnicas psicopedagógicas, profissionais e famílias podem criar intervenções mais humanas e eficazes.

Inicie a implementação hoje mesmo, adapte as atividades à rotina da criança e avalie os resultados de forma contínua. Com planejamento e consistência, a propriocepção se torna um aliado poderoso na jornada pelo aprendizado inclusivo e pelo bem-estar infantil.


Professora Fábia Monteiro
Professora Fábia Monteiro
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