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Técnicas de respiração diafragmática para crianças com TEA e TDAH

Descubra técnicas de respiração diafragmática para auxiliar na regulação emocional e atenção de crianças com TEA e TDAH, incluindo atividades práticas e lúdicas.

Técnicas de respiração diafragmática para crianças com TEA e TDAH

A respiração diafragmática é uma estratégia comprovada para auxiliar na regulação emocional e na melhora da atenção de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ao fortalecer o músculo diafragma e promover inspiração profunda, essa técnica contribui para reduzir a ansiedade, melhorar o foco e estimular o autocontrole. Ferramentas simples, como um kit de bolhas de sabão infantil ou um respirômetro de incentivo infantil, podem tornar o aprendizado lúdico e envolvente desde o primeiro contato.

Importância da regulação emocional em crianças com TEA e TDAH

Crianças diagnosticadas com TEA ou TDAH frequentemente enfrentam desafios relacionados à autorregulação emocional. Sintomas como crises de choro, impulsividade e dificuldades de concentração podem comprometer o processo de aprendizagem e diminuir a participação ativa em atividades escolares e terapêuticas. Por isso, abordar a respiração como uma porta de entrada para o controle dos estados emocionais é fundamental. A técnica diafragmática permite que o cérebro receba mais oxigênio, o que melhora a atividade do córtex pré-frontal, responsável pelo planejamento, foco e tomada de decisões.

Além disso, quando prática em ambiente guiado, essa técnica reforça a consciência corporal e cria um momento de pausa entre o estímulo e a resposta comportamental. Profissionais podem perceber melhora na autoconsciência do aluno ao longo das sessões, gerando maior adesão ao tratamento. Vale ressaltar que essa estratégia complementa outras intervenções psicopedagógicas, como o biofeedback na psicopedagogia e os exercícios de mindfulness para crianças com TDAH, criando um conjunto integrado de práticas neuroeducacionais.

Principais técnicas de respiração para crianças

1. Respiração diafragmática guiada

Nessa técnica, o intérprete – psicopedagogo ou educador – orienta a criança a posicionar uma mão sobre o abdômen e outra sobre o peito. Ao inspirar, o abdômen deve expandir, enquanto o tórax permanece estático. Esse movimento amplifica a ação do diafragma e propicia uma respiração profunda e controlada. Durante a sessão, recomenda-se contar lentamente até quatro durante a inspiração, manter o ar por dois segundos e expirar também em um ritmo de quatro tempos. Essa estrutura rítmica auxilia na manutenção do foco e no estabelecimento de uma rotina respiratória previsível.

Para crianças mais novas ou com dificuldades de seguir instruções verbais, pode-se usar estímulos visuais, como segurar um bichinho de pano leve e observar seu movimento ao inspirar e expirar. Ao visualizar o brinquedo subir e descer, o aluno consegue conectar a sensação de expansão do abdômen à atividade respiratória, tornando o aprendizado mais concreto.

2. Uso de acessórios lúdicos

Objetos que transformam a respiração em jogo são poderosos aliados na intervenção psicopedagógica. O boliche de bolhas de sabão estimula a inspiração profunda e expiração lenta, pois a criança precisa manter um fluxo constante de ar para formar as bolhas. Já o cata-vento colorido oferece feedback visual imediato: quanto mais firme e constante é a expiração, mais rápido o pinwheel gira. Essas dinâmicas lúdicas favorecem o engajamento, principalmente em fases iniciais, e criam uma associação positiva entre técnica respiratória e diversão.

3. Jogos respiratórios

Incorporar elementos de competição amigável ou narrativa de aventura torna o processo ainda mais atrativo. Por exemplo, ao transformar a sessão em uma “missão arqueológica”, a criança deve respirar de forma controlada para “acionar” luzes de lanternas especiais, representando a descoberta de fósseis. Essa gamificação neuroeducacional pode ser complementada por desafios de duração de expiração, onde a criança compete contra seu próprio tempo, desenvolvendo percepção temporal e autocontrole.

Como integrar as técnicas em atendimentos psicopedagógicos

Adaptação do ambiente

Antes de iniciar qualquer técnica respiratória, organize o ambiente de forma acolhedora e sem distrações desnecessárias. Use tapetes confortáveis, almofadas e, se possível, uma iluminação suave. Garanta que o local seja silencioso, evitando ruídos de fundo. Posteriormente, explique à criança o propósito da atividade, enfatizando que a respiração é como uma “chave mágica” para acalmar o corpo e a mente.

Para alunos com sensibilidade auditiva, avalie o uso de protetores auriculares confortáveis ou músicas instrumentais em volume baixo. Essa adaptação sensorial garante que a atenção seja direcionada à própria respiração, sem sobrecarga de estímulos externos.

Plano de sessão prática

Uma sessão típica pode seguir a estrutura: (1) acolhimento e conversa breve; (2) demonstração da técnica pelo profissional; (3) prática em conjunto; (4) aplicação do acessório lúdico; (5) feedback e registro. Reserve ao menos 10 minutos para a prática respiratória contínua, intercalando com momentos de conversa sobre sensações físicas e emocionais. Incentive a criança a descrever se sentiu mais calma, se o coração estava acelerado ou se percebeu algum desconforto.

O registro pode ser feito em um diário sensorial, onde a criança desenha ou anota palavras-chave sobre cada sessão. Essa estratégia estimula a metacognição e o acompanhamento do progresso ao longo das semanas.

Monitoramento e avaliação do progresso

Utilize escalas simples de autorrelato ou observação (por exemplo, escala visual de 1 a 5 para ansiedade) para avaliar mudanças antes e depois de cada sessão. Registre também indicadores comportamentais, como redução de interrupções, tempo de atenção e diminuição de crises. Esses dados auxiliam na personalização do programa e na evidência dos resultados junto à família e equipe escolar.

Atividades complementares e materiais recomendados

Brinquedos de incentivo respiratório

Além dos acessórios já mencionados, existem kits de respiração que incluem espirômetros coloridos e adaptados para uso infantil. Esses materiais promovem exercícios de inspiração profunda e expiração controlada, fortalecendo musculatura respiratória. Ao adquirir nesses kits, opte por aqueles com diferentes níveis de resistência, permitindo progressão gradual das habilidades respiratórias.

Outra sugestão é o uso de bolhas de sabão com diferentes formatos e tamanhos, incentivando a coordenação respiratória. A criança pode explorar a formação de bolhas menores e maiores, aprimorando o controle de fluxo de ar.

Livros e recursos teóricos

Para aprofundar a fundamentação teórica, é recomendável consultar obras sobre psicopedagogia neuroeducacional e técnicas de regulação emocional. Alguns títulos sugeridos:

  • “Neuropsicologia e Educação Inclusiva” – aborda estratégias interdisciplinares para trabalhar regulação emocional em sala de aula.
  • “Terapias Cognitivo-Comportamentais para Crianças” – capítulo dedicado a exercícios de respiração e relaxamento.
  • “Manual de Intervenções Psicopedagógicas” – inclui seções práticas para planejar sessões e avaliar resultados.

Esses livros podem ser encontrados em plataformas online, oferecendo suporte teórico e exemplos de aplicação.

Conclusão

A respiração diafragmática é uma ferramenta poderosa para psicopedagogos e educadores que buscam reduzir ansiedade, melhorar a atenção e promover o autocontrole em crianças com TEA e TDAH. Por meio da integração de técnicas guiadas, acessórios lúdicos e registro de progresso, é possível criar um programa de intervenção que seja ao mesmo tempo eficaz e envolvente. Ao combinar essas práticas com métodos já consolidados, como biofeedback e mindfulness, o profissional amplia seu repertório de estratégias, garantindo resultados mais sólidos no desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos.

Incentive a experimentação gradual e personalize as atividades conforme as necessidades de cada criança. Com paciência e criatividade, a respiração torna-se aliada chave para transformar o processo de aprendizagem em uma jornada mais calma, focada e prazerosa.


Professora Fábia Monteiro
Professora Fábia Monteiro
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