Planos de Aula BNCC

Como aplicar a realidade mista na psicopedagogia em intervenções para TEA

Conheça como a realidade mista na psicopedagogia pode potencializar intervenções para crianças com TEA, estimulando habilidades sociais e cognitivas de forma imersiva.

Como aplicar a realidade mista na psicopedagogia em intervenções para TEA

A psicopedagogia tem se beneficiado enormemente das tecnologias emergentes. Entre elas, a realidade mista surge como uma solução promissora para personalizar atendimentos e criar experiências imersivas seguras. Aplicando realidade mista na psicopedagogia, profissionais podem usar equipamentos como tablets sensoriais de realidade mista que combinam estímulos táteis e visuais, apoiando o desenvolvimento de competências sociais e motoras em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Além dos tablets, acessórios como óculos de realidade mista permitem projetar objetos virtuais diretamente no ambiente real, criando cenários controlados para trabalhar autorregulação e atenção de forma lúdica e envolvente.

O que é Realidade Mista e como difere de VR e AR

A realidade mista (Mixed Reality – MR) integra características da realidade virtual (VR) e da realidade aumentada (AR) em uma única experiência. Enquanto a VR cria ambientes totalmente virtuais e a AR sobrepõe elementos digitais ao mundo real, a MR possibilita a interação bidirecional entre objetos reais e virtuais, mantendo a noção de espaço físico.

Definição de Realidade Mista

Na MR, sensores e câmeras capturam informações do cenário real, projetando objetos digitais que respondem à física e à perspectiva do ambiente. Por exemplo, uma criança autista pode interagir com um personagem virtual posicionado sobre a mesa de atividades, movendo-o com as mãos graças ao reconhecimento de gestos.

Comparação com Realidade Virtual e Aumentada

Na realidade virtual, a imersão total pode causar desconforto em alguns pacientes sensoriais, já que todo o campo de visão é virtual. A realidade aumentada adiciona elementos digitais, mas sem integração profunda com o espaço real. A MR une o melhor dos dois mundos: cria objetos digitais que parecem realmente “presentes” no ambiente do usuário, promovendo um engajamento mais natural e confortável, ideal para intervenções psicopedagógicas.

Benefícios da Realidade Mista na Psicopedagogia

Incorporar realidade mista na psicopedagogia traz vantagens significativas, especialmente no trabalho com crianças neurodiversas. A experiência imersiva permite explorar habilidades cognitivas e emocionais de modo personalizado.

Estímulo multisensorial e engajamento

Os recursos de MR combinam estímulos visuais, sonoros e táteis, o que aumenta a atenção e a motivação durante as atividades. Ao tocar objetos virtuais que respondem com feedback tátil em um ambiente sensorial, a criança permanece engajada por mais tempo, favorecendo a aprendizagem de conceitos como sequência, categorias e turn-taking.

Desenvolvimento de habilidades sociais em crianças com TEA

Intervenções com realidade mista permitem simular interações sociais em cenários controlados. Uma atividade pode envolver uma conversa virtual com um personagem que ensina cumprimentos, expressões faciais e linguagem corporal. Esse tipo de simulação prepara a criança para situações reais, reduzindo a ansiedade e promovendo a generalização de comportamentos sociais.

Ferramentas e equipamentos para implementar Realidade Mista

Para colocar em prática o uso de MR, é preciso escolher dispositivos adequados e softwares específicos. A escolha influencia diretamente a qualidade da experiência.

Tablets e dispositivos portáteis

Tablets sensoriais equipados com câmeras de profundidade e sensores táteis oferecem uma solução acessível. Busca por modelos compatíveis com MR, que suportem aplicativos de reconhecimento de gestos e projeção em superfícies planas. Esses tablets possibilitam criar atividades em que o próprio móvel detecta e projeta objetos virtuais, sem a necessidade de óculos específicos.

Software e aplicativos recomendados

Existem plataformas de desenvolvimento de MR que permitem criar cenários personalizados sem exigir conhecimento avançado em programação. Ferramentas como Microsoft Dynamics 365 Guides e aplicativos educacionais específicos para autismo podem ser adaptados. Além disso, é possível integrar animações 3D de recursos sensoriais, aproximando-se de práticas descritas em exercícios de neurobic para oferecer desafios cognitivos complementares.

Como planejar e executar uma intervenção psicopedagógica com Realidade Mista

Planejar uma intervenção em MR requer etapas claras, alinhadas aos objetivos terapêuticos e ao perfil da criança.

Avaliação inicial e definição de objetivos

Antes de introduzir a tecnologia, realize uma avaliação psicopedagógica detalhada para mapear pontos fortes e desafios sensoriais. Identifique metas específicas como aumentar a atenção sustentada, melhorar turn-taking ou reduzir comportamentos de fuga. Essa avaliação orienta a seleção de tarefas e cenários na MR.

Estruturação de atividades e cronograma

Defina um roteiro de sessões, alternando atividades de MR com exercícios presenciais ou aplicações de biofeedback. Cada sessão deve ter duração adaptada ao nível de tolerância da criança, normalmente entre 15 e 30 minutos. Inclua pausas e reforços positivos, monitorando a resposta comportamental e ajustando o grau de complexidade dos cenários.

Estudos de caso e evidências científicas

A pesquisa em realidade mista na educação inclusiva ainda é emergente, mas já apresenta resultados promissores.

Pesquisas recentes sobre MR em autismo

Estudos publicados em revistas internacionais apontam que intervenções em MR podem diminuir níveis de ansiedade e aumentar habilidades de comunicação em crianças com TEA. Um artigo de 2022 na “Journal of Autism and Developmental Disorders” mostrou redução de evasão social em 60% dos participantes após 8 semanas de sessões semanais.

Resultados observados em sala de aula e atendimentos

Relatos de psicopedagogos indicam progressos em turn-taking e compreensão de metáforas visuais. Em contextos escolares inclusivos, professores que integraram MR relataram maior autonomia dos alunos durante atividades de grupo e menos necessidade de intervenções diretas.

Dicas práticas e desafios comuns

Embora poderosa, a MR apresenta obstáculos a serem contornados para garantir a eficácia das intervenções.

Preparação do ambiente e segurança

Assegure um espaço livre de obstáculos e superfícies seguras para evitarem quedas durante atividades imersivas. Oriente a criança a sempre manter o dispositivo reto e ajustar o volume para níveis confortáveis.

Adaptações para diferentes níveis de funcionalidade

Algumas crianças podem apresentar hipersensibilidade sensorial; inicie as atividades com cenários simples e sem muitos estímulos. À medida que o profissional observa conforto e interesse, vá adicionando sons, cores e interações táteis.

Conclusão

Incorporar realidade mista na psicopedagogia representa um avanço significativo para intervenções inclusivas, especificamente para crianças com TEA. A tecnologia permite criar cenários controlados e personalizados, integrando estímulos sensoriais que favorecem a aprendizagem e o desenvolvimento social. Ao planejar cuidadosamente cada etapa, selecionar equipamentos adequados e acompanhar de perto as reações dos alunos, psicopedagogos e educadores potencializam resultados e promovem experiências mais envolventes.

Para complementar suas práticas, considere explorar outras tecnologias como realidade virtual e continue atualizando-se sobre materiais sensoriais e jogos pedagógicos disponíveis no mercado.

Equipar-se corretamente e investir em formação especializada são passos fundamentais para aproveitar ao máximo o potencial da realidade mista em intervenções psicopedagógicas.


Professora Fábia Monteiro
Professora Fábia Monteiro
Responsável pelo conteúdo desta página.
Este site faz parte da Webility Network network CNPJ 33.573.255/0001-00