Planos de Aula BNCC

Jogos digitais para estimular a memória de trabalho em crianças com TDAH: estratégias psicopedagógicas embasadas na neurociência

Descubra como jogos digitais podem estimular a memória de trabalho em crianças com TDAH, oferecendo estratégias psicopedagógicas embasadas na neurociência.

Jogos digitais para estimular a memória de trabalho em crianças com TDAH: estratégias psicopedagógicas embasadas na neurociência

Crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) frequentemente apresentam dificuldades de memória de trabalho, impactando a aprendizagem em sala de aula e nos atendimentos psicopedagógicos. Os jogos digitais surgem como ferramentas inovadoras, capazes de aliar estímulos cognitivos e interatividade para desenvolver funções executivas essenciais. Exploraremos aqui como selecionar, aplicar e monitorar jogos digitais de memória, alinhando-os com estratégias psicopedagógicas suportadas pela neurociência.

Entendendo o TDAH e a memória de trabalho

O TDAH é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, afetando diretamente a capacidade de manter e manipular informações na memória de trabalho. Essa função executiva atua como um “bloco de notas mental”, responsável por armazenar temporariamente dados e usá-los em tarefas imediatas, como seguir instruções, resolver problemas ou concluir atividades passo a passo. Em crianças com TDAH, a memória de trabalho costuma ser menos eficiente, resultando em dispersão e esquecimento de etapas.

Vários estudos em jogos digitais de memória indicam que atividades estruturadas podem potencializar essa função, promovendo exercícios repetitivos e progressivos de retenção e atualização de informações. No contexto psicopedagógico, compreender essa base neurocientífica ajuda a selecionar recursos que estimulem a memória de trabalho sem gerar sobrecarga cognitiva.

Por que os jogos digitais são eficazes para estimular a memória de trabalho

Bases neurocientíficas do estímulo digital

A neurociência demonstra que atividades lúdicas e interativas ativam diversas áreas cerebrais, incluindo o córtex pré-frontal dorsolateral, responsável pela memória de trabalho, e o córtex parietal, envolvido na integração sensório-motora. Os jogos digitais, ao oferecerem desafios graduais, reforçam padrões de conexão sináptica e promovem a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de reorganizar-se em resposta a estímulos.

Benefícios específicos para alunos com TDAH

Para crianças com TDAH, os jogos digitais trazem vantagens como feedback imediato, recompensas e elementos de gamificação que mantêm o engajamento. Essa dinâmica contribui para reduzir a tendência à distração, pois a criança é constantemente motivada a prestar atenção e a exercitar a memória de trabalho para avançar em níveis e conquistar pontos. Além disso, muitos jogos oferecem relatórios de desempenho, auxiliando o profissional a monitorar progresso e ajustar estratégias.

Critérios para escolher jogos digitais de memória

Escolher títulos adequados exige atenção a critérios que considerem tanto o perfil da criança quanto os objetivos psicopedagógicos:

  • Dificuldade Progressiva: O jogo deve apresentar níveis graduais, permitindo que a criança inicie em estágios simples e avance conforme aprimora a memória de trabalho.
  • Feedback em Tempo Real: Indicações visuais, sonoras ou táteis que informem erros e acertos imediatamente ajudam na autorregulação e no ajuste de estratégia.
  • Personalização: Ajuste de tempo, número de itens a lembrar e formato de apresentação (cartas, objetos, sequências) adaptável às necessidades individuais.
  • Elementos Lúdicos: Narrativas envolventes e personagens atrativos mantêm o interesse, fundamental para criança com TDAH.
  • Acessibilidade: Design intuitivo, cores contrastantes e botões de fácil escolha são essenciais, especialmente em jogos que acompanham recursos de ambiente multissensorial ou integrações com atividades sensoriais.

Estratégias psicopedagógicas de aplicação em sala de aula e atendimentos

Integração com recursos sensoriais

Associar jogos digitais a materiais táteis ou auditivos intensifica o estímulo cognitivo. Por exemplo, após uma fase de sequência crescente de cores na tela, peça à criança que reproduza a mesma sequência com cartões físicos ou blocos coloridos. Essa combinação potencializa a transferência de habilidades desenvolvidas no ambiente digital para o mundo real.

Também é possível combinar o uso de fidget toys sensoriais durante as sessões digitais, promovendo autorregulação motora e redução de impulsividade. A criança pode segurar um objeto de rolagem simples enquanto joga, garantindo maior foco e menor agitação.

Feedback e gamificação como reforço positivo

Planeje metas claras: por exemplo, completar três fases com 80% de acertos, antes de receber um selo virtual ou a troca por um material sensorial prático. Use gráficos de evolução para discutir com a criança seus avanços, reforçando a sensação de conquista. O reforço positivo, aliado ao design de jogos, aumenta a motivação intrínseca e consolida os ganhos na memória de trabalho.

Como implementar no ambiente multissensorial

Ao montar um espaço de aprendizagem, combine elementos visuais, táteis e auditivos. Posicione o tablet ou computador em local confortável, com iluminação adequada e alguns estímulos sensoriais ao redor, como almofadas de texturas variadas ou músicas suaves. Esse contexto facilita que a criança associe a experiência digital a sensações de conforto e engajamento.

Para incentivar a autonomia, crie um cronograma de atividades: sessões de 20 minutos de jogos digitais intercaladas com três minutos de pausa ativa, que pode envolver estimulação vestibular leve ou exercícios de respiração. Dessa forma, o cérebro processa e consolida as informações da memória de trabalho com menor fadiga.

Monitoramento e avaliação dos resultados

Avaliando o desempenho regularmente, é possível ajustar níveis de dificuldade e estratégias. Utilize relatórios dos jogos e complemente com registros observacionais, anotando comportamentos de atenção, impulsividade e habilidades de autocontrole. Compare esse progresso com metas psicopedagógicas definidas inicialmente.

Em situações em que o avanço estagna, introduza novos títulos de jogos digitais ou diversifique estratégias, como a combinação com neurofeedback gamificado. Essa variação mantém o desafio e estimula diferentes redes neurais.

Conclusão

Os jogos digitais para memória de trabalho em crianças com TDAH, quando escolhidos e aplicados estrategicamente, transformam-se em poderosos aliados no desenvolvimento cognitivo. Alinhados a estratégias psicopedagógicas e recursos sensoriais, eles promovem ganhos significativos em atenção, autorregulação e desempenho escolar. Invista em títulos com progressão adequada, feedback em tempo real e elementos lúdicos para garantir motivação contínua.

Comece explorando catálogos de jogos digitais específicos para memória de trabalho e adapte as sessões ao perfil de cada aluno. Acompanhe resultados, celebre conquistas e ajuste as intervenções para potencializar a aprendizagem. Essa abordagem integrada reflete o compromisso com uma educação inclusiva, humana e embasada na neurociência.

Para ampliar seu arsenal de ferramentas, conheça opções de jogos digitais de memória para crianças e complemente seus atendimentos com recursos inovadores.


Professora Fábia Monteiro
Professora Fábia Monteiro
Responsável pelo conteúdo desta página.
Este site faz parte da Webility Network network CNPJ 33.573.255/0001-00