Planos de Aula BNCC

Jardinagem Terapêutica na Psicopedagogia: Guia Prático para Intervenções Sensoriais

Desenvolva atividades de jardinagem terapêutica na psicopedagogia para estimular funções executivas, regulação emocional e motricidade em crianças com TDAH, dislexia e TEA.

Jardinagem Terapêutica na Psicopedagogia: Guia Prático para Intervenções Sensoriais

A jardinagem terapêutica na psicopedagogia oferece uma abordagem integrativa que alia o contato com a natureza a estímulos sensoriais, promovendo benefícios cognitivos e emocionais em crianças com TDAH, dislexia e TEA. Ao planejar atividades de horta em atendimentos psicopedagógicos, é possível trabalhar funções executivas, autocontrole e coordenação motora fina de forma lúdica e significativa.

Para iniciar, invista em um kit de jardinagem infantil, com ferramentas adequadas ao público infantil, sementes e vasos coloridos. Em paralelo, inspire-se em modelos de atividades sensoriais, como o plano de aula Descobrindo a Horta Sensorial, adaptando passo a passo às necessidades de cada criança.

O que é jardinagem terapêutica na psicopedagogia?

A jardinagem terapêutica na psicopedagogia consiste em utilizar o cultivo de plantas como recurso pedagógico e terapêutico, integrando estímulos visuais, táteis, olfativos e auditivos em um único ambiente. Essa prática cotidianamente associada a atividades ao ar livre ganha contornos específicos quando mediada por psicopedagogos, que direcionam cada etapa do processo para trabalhar metas de intervenção específicas.

No contexto psicopedagógico, o cultivo de sementes, o preparo do solo e a rega cotidiana funcionam como metáforas de desenvolvimento: a paciência requerida para o crescimento das plantas reforça a importância da perseverança; o cuidado com cada etapa do cultivo fortalece a atenção sustentada; e o contato direto com diferentes texturas estimula as funções táteis e proprioceptivas.

Além disso, o planejamento estruturado de atividades de jardinagem permite ao profissional criar situações de aprendizagem individualizadas, ajustando o grau de complexidade segundo o perfil neuropsicológico de cada criança. É possível, por exemplo, estimular a fala e a comunicação ao pedir que o estudante descreva o aroma das ervas, ou trabalhar habilidades matemáticas ao calcular a proporção de terra e adubo.

Em suma, a jardinagem terapêutica na psicopedagogia é um recurso rico e versátil, ideal para promover a inclusão e o desenvolvimento global do sujeito, respeitando seus ritmos e desafios.

Benefícios da jardinagem terapêutica para crianças com TDAH, dislexia e TEA

Desenvolvimento cognitivo

O cultivo de plantas envolve uma série de passos sequenciais: planejar o plantio, medir o espaço no vaso, despejar a quantidade certa de substrato e registrar o crescimento. Para crianças com TDAH, por exemplo, essa sequência estruturada funciona como um treino de planejamento e memória operacional. Já para quem apresenta dislexia, a associação de símbolos (semente, rega, broto) e a observação repetida favorecem a consolidação de conceitos e vocabulários específicos.

Regulação emocional

Estar em contato com a terra e as plantas provoca efeitos calmantes, resultado da conexão com elementos naturais e da liberação de serotonina relacionada ao bem-estar. Em crianças com TEA, que frequentemente apresentam altos níveis de ansiedade, dedicar-se à jardinagem permite foco em uma tarefa manual, reduzindo a sensação de sobrecarga sensorial. Os psicopedagogos podem incluir exercícios de respiração durante a rega para potencializar a autorregulação.

Aprimoramento das funções executivas

Atividades de jardinagem exigem controle de impulso, planejamento a médio prazo e flexibilidade cognitiva. Quando a criança monitora o desenvolvimento das plantas, ela aprende a ajustar estratégias, como modificar a quantidade de água ou luz. Para potencializar esses ganhos, o profissional pode usar ferramentas de registro, como um diário sensorial, conectando-se a propostas como o uso de brinquedos sensoriais para TDAH, e reforçar a transferência desses aprendizados para situações escolares e domésticas.

Planejamento de atividades: passo a passo

Um planejamento bem-estruturado garante que cada objeto e estímulo tenha propósito pedagógico. Confira as etapas essenciais:

1. Definição de objetivos terapêuticos

Antes de selecionar materiais, defina metas claras: desenvolver coordenação motora fina, melhorar a atenção sustentada ou trabalhar habilidades de comunicação. Utilize escalas de observação e instrumentos psicopedagógicos para medir o nível de desempenho inicial e registrar o progresso.

2. Escolha do espaço e organização

Você pode montar a atividade em um canteiro externo, em vasos grandes ou até em módulos verticais em sala de atendimento. Garanta superfícies planas, acessibilidade e um ponto de água próximo. O uso de bandejas plásticas ajuda a conter sujeira e facilita a limpeza. Delimite o espaço com tapetes antiderrapantes para segurança.

3. Seleção de plantas e insumos

Opte por espécies de fácil cultivo, como ervas aromáticas (manjericão, hortelã) ou flores resistentes (cravos, petúnias). Considere ainda sementes de ervas aromáticas disponíveis em kits especializados. Use substrato de boa qualidade, adubo orgânico e ferramentas de jardinagem adaptadas.

4. Cronograma e registro

Estabeleça um calendário de rega e observações. Peça que a criança registre em um diário sensorial data, altura da planta e características observadas. Esse registro incentiva a escrita e a reflexão sobre o processo, servindo de base para discussões sobre mudanças e ajustes.

Materiais e recursos necessários

Monte um kit básico com:

  • Vasos coloridos e bandejas plásticas;
  • Substrato e adubo orgânico;
  • Ferramentas infantis (pá, garfo e regador);
  • Sementes de germinação rápida;
  • Luvas de vinil ou tecido macio;
  • Diário sensorial ou caderno inteligente.

Para ampliar o repertório, conte com recursos complementares como materiais sensoriais para Dislexia e instrumentos que permitam a exploração de cheiros, texturas e cores, estimulando múltiplos canais de aprendizagem.

Dicas para adaptar a atividade a diferentes necessidades

Crianças com TDAH

Divida as etapas em microtarefas curtas, usando cronômetros visuais para marcar cada etapa. Inclua atividades de mistura de solo e coloração de vasos para manter a motivação. Combine com pausas ativas, inspiradas em propostas de pausas ativas neuroeducacionais, para ajudar na autorregulação.

Crianças com Dislexia

Use sinais visuais associados às etapas do plantio, como cartões ilustrados, para reduzir a demanda de leitura. Permita que a criança dite as observações para o profissional registrar, fortalecendo a autoestima e o envolvimento.

Crianças com TEA

Crie um cronograma visual com pictogramas e ofereça instruções simples. Mantenha o ambiente previsível, mas introduza variações controladas, como testar diferentes tipos de solo, para incentivar a flexibilidade cognitiva.

Avaliação e acompanhamento dos resultados

Acompanhe o progresso por meio de registros qualitativos e quantitativos. Utilize escalas de observação para documentar avanços em atenção, coordenação e regulação emocional. Compare o desempenho inicial com metas estabelecidas, ajustando as atividades conforme necessário.

Realize reuniões periódicas com familiares e professores para compartilhar os resultados e propor a continuidade das práticas em casa e na escola. Dessa forma, a jardinagem terapêutica torna-se uma ponte entre o acompanhamento psicopedagógico individual e o cotidiano do aluno, fortalecendo redes de apoio.

Conclusão

A jardinagem terapêutica na psicopedagogia é um recurso inovador e de fácil implementação, que valoriza a experiência sensorial e o contato com a natureza para promover o desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças com TDAH, dislexia e TEA. Ao seguir um planejamento cuidadoso e utilizar materiais adequados, o psicopedagogo pode oferecer atividades significativas, reforçando funções executivas e habilidades socioemocionais.

Para aprofundar seus conhecimentos, considere a leitura de obras especializadas em terapia hortícola e explore ferramentas como jogos pedagógicos adaptados e recursos sensoriais. A prática constante e a criatividade são fundamentais para obter resultados duradouros e impactantes no processo de aprendizagem.


Professora Fábia Monteiro
Professora Fábia Monteiro
Responsável pelo conteúdo desta página.
Este site faz parte da Webility Network network CNPJ 33.573.255/0001-00