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Integração Sensorial Proprioceptiva em Psicopedagogia: Atividades TDAH e TEA

Saiba como aplicar a integração sensorial proprioceptiva em psicopedagogia para melhorar o desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças com TDAH e TEA.

Integração Sensorial Proprioceptiva em Psicopedagogia: Atividades TDAH e TEA

Entender as necessidades sensoriais de crianças com dificuldades de aprendizagem, TDAH ou TEA é fundamental para personalizar intervenções psicopedagógicas que promovam avanços cognitivos e emocionais. A integração sensorial proprioceptiva foca em estimular a percepção corporal por meio de atividades específicas, utilizando estímulos de pressão, movimento e compressão. Ferramentas como brinquedos sensoriais proprioceptivos podem ser incorporados logo nos primeiros atendimentos para envolver a criança e aumentar o engajamento nas tarefas.

O que é Integração Sensorial Proprioceptiva e Vestibular?

A integração sensorial refere-se à capacidade do sistema nervoso de processar e organizar informações recebidas pelos sentidos, permitindo ao indivíduo responder de forma adequada ao ambiente. Dentro desse conceito, a via proprioceptiva e a via vestibular são fundamentais para o desenvolvimento motor, postural e para a regulação emocional. A propriocepção envolve a percepção da posição e do movimento do corpo no espaço, por meio de receptores localizados nos músculos, articulações e tendões. Já o sistema vestibular, localizado no ouvido interno, detecta aceleração e mudanças de posição da cabeça, influenciando o equilíbrio e a coordenação.

Em crianças com TDAH e TEA, essas vias podem apresentar disfunções que se manifestam em comportamentos como inquietude, dificuldades de atenção, hiper ou hipoatividade motora e desafios na modulação do comportamento. A estimulação vestibular e proprioceptiva atua justamente na promoção de um filtro sensorial mais eficiente, auxiliando o cérebro a integrar informações recebidas e a responder de forma equilibrada aos estímulos. Quando bem aplicada, essa abordagem potencializa a autorregulação emocional, favorece a atenção sustentada e melhora as competências para aprendizagem.

Aspectos como força muscular, tônus postural e a capacidade de adaptação a mudanças de ritmo são trabalhados em conjunto, tornando a intervenção mais holística e alinhada aos princípios da neurociência aplicada à educação. A arteterapia neuroeducacional também pode ser complementada por esse tipo de estímulo, criando um leque diversificado de estratégias para o psicopedagogo.

Importância da Estimulação Proprioceptiva para Crianças com TDAH e TEA

Crianças com TDAH geralmente apresentam níveis elevados de movimento e dificuldade em manter a atenção em atividades estáticas. Já crianças com TEA podem exibir comportamentos repetitivos, baixo tônus muscular ou hipersensibilidade a certos estímulos. A estimulação proprioceptiva e vestibular oferece um “peso” adicional ao corpo que traz sensação de segurança e foco, contribuindo para a redução da impulsividade e da ansiedade.

Ao trabalhar a propriocepção, o psicopedagogo ajuda a criança a se sentir mais conectada ao próprio corpo, o que impacta diretamente na percepção de limites físicos e na coordenação motora fina e grossa. Exercícios que envolvem pressionar, empurrar, puxar e equilibrar permitem que o sistema nervoso receba sinais claros, melhorando a regulação autorregulatória.

Além disso, a pesquisa em neurociência aponta que atividades que combinam estímulos proprioceptivos e vestibulares favorecem a liberação de neurotransmissores como a dopamina e serotonina, essenciais para atenção e humor estável. Isso explica o efeito “calmante” que muitas famílias relatam depois de sessões psicopedagógicas bem planejadas. Para profissionais que desejam ampliar o repertório de técnicas, integrar protocolos de biofeedback na psicopedagogia ao trabalho sensorial pode elevar o ganho terapêutico.

Atividades Práticas de Integração Sensorial Proprioceptiva

Exercícios de Peso e Compressão

Aplicar pressão profunda no corpo da criança proporciona um feedback proprioceptivo intenso. Utilizar cobertores pesados, bolsas com areia ou coletes de compressão ajuda a criar uma sensação de acolhimento e segurança. Peça que a criança role um cobertor pesado ou que empurre um carrinho carregado com peso moderado para estimular a co-contração muscular. Essas atividades podem ser inseridas no momento de transição entre tarefas, auxiliando na regulação emocional e concentração.

Ferramentas como cobertores weighted podem ser encontradas em sites especializados ou em plataformas como Amazon. Um link útil é o cobertor pesado, que auxilia no planejamento de kits sensoriais versáteis.

Brincadeiras de Escalada e Balanço

Atividades de escalada leve em estruturas de brinquedos ou almofadões fortalecem a consciência corporal. Permitir que a criança suba, desça e se pendure em barras baixas desenvolve controle postural e coordenação. O balanço, por sua vez, envolve fortemente o sistema vestibular. Configure uma rede, balanço de pneu ou cama elástica pequena para que a criança experimente diferentes velocidades e direções de movimento. Essa variação sensorial ajuda a modular tanto a hiperatividade quanto a inibição motora, comum em diversos quadros de TEA.

Em uma abordagem integrativa, essas dinâmicas podem complementar exercícios de maleta sensorial portátil, expandindo as possibilidades de intervenção fora da sala de atendimento.

Uso de Bola de Estabilidade e Roletes

Bolas suíças e roletes são recursos clássicos na terapia ocupacional e contribuem para o refinamento proprioceptivo. Proponha atividades como sentar e lançar bola de estabilidade, rolar sobre o rolete, ou apoiar o corpo em quatro apoios sobre ambas as ferramentas. Isso desafia o equilíbrio e exige ajustes posturais constantes, fortalecendo a musculatura profunda e promovendo autoconsciência corporal.

Esses utensílios podem ser adquiridos facilmente em lojas educativas ou pela internet. Uma pesquisa rápida por bola de estabilidade oferece diversas opções de diferentes diâmetros e materiais.

Como Incorporar Estas Atividades em Sessões de Psicopedagogia

Adaptação ao Plano de Atendimento

Antes de inserir atividades sensoriais, o psicopedagogo deve avaliar o perfil sensorial da criança por meio de questionários específicos e observação clínica. Definir objetivos claros — como melhorar a atenção sustentada ou reduzir comportamentos de fuga — guia a escolha dos estímulos proprioceptivos. Planeje sessões de 30 a 45 minutos, reservando um espaço com material seguro e bem disposto. É recomendável alternar exercícios de alto impacto sensorial com atividades lúdicas, como quebra-cabeças ou jogos pedagógicos, para manter o foco.

Registrar cada sessão em relatórios detalhados, mencionando respostas comportamentais e emocionais, facilita a análise de resultados e adaptações. Integrar dados de desempenho acadêmico ou observações de professores e família contribui para um acompanhamento completo.

Monitoramento e Avaliação do Progresso

Utilize escalas padronizadas, como o Sensory Profile ou inventários de autorregulação, para quantificar progressos. Realize avaliações periódicas a cada 4 a 6 semanas, comparando pontuações pré e pós-intervenção. Além disso, colete feedback qualitativo de pais e professores, assegurando uma visão ampla das mudanças comportamentais e acadêmicas.

Registre vídeos curtos das atividades (com consentimento) para análise de postura e movimentação, permitindo ajustes finos no protocolo. A combinação de métodos objetivos e subjetivos fortalece a evidência científica por trás da integração sensorial.

Materiais Sensoriais e Recursos Indicados

Para implementar atividades proprioceptivas, é fundamental contar com itens de qualidade e adequados à faixa etária. Entre os principais recursos estão:

  • Cobertor pesado: estimula a sensação de compressão profunda.
  • Bola de estabilidade: ideal para exercícios de equilíbrio e fortalecimento.
  • Roletes ou cilindros pneumáticos: auxiliam na rolagem corporal.
  • Coletes de compressão: disponíveis em diferentes tamanhos e níveis de pressão.
  • Tapetes antiderrapantes e almofadões: garantem segurança nas atividades de escalada.

Para facilitar a mobilidade dos recursos, considere preparar uma maleta sensorial portátil com itens essenciais. Isso permite atender em diferentes ambientes — escola, clínica ou residência — sem perder a eficiência das técnicas.

Conclusão

A integração sensorial proprioceptiva é uma abordagem poderosa para psicopedagogos que buscam ampliar seus recursos terapêuticos, sobretudo em atendimentos a crianças com TDAH e TEA. Ao combinar exercícios de pressão, movimento e equilíbrio, é possível melhorar a autorregulação, a atenção e o bem-estar emocional dos pequenos. A implementação deve ser cuidadosa, pautada em avaliação sensorial, planejamento de atividades e monitoramento constante. Para profissionais dedicados à educação inclusiva e fundamentados na neurociência, esse método representa um avanço significativo no desenvolvimento cognitivo e no suporte emocional dos alunos.


Professora Fábia Monteiro
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