Como usar blocos de construção para estimular funções executivas em crianças com TDAH e TEA
Descubra como utilizar blocos de construção para estimular funções executivas em crianças com TDAH e TEA por meio de atividades psicopedagógicas inclusivas e práticas.

As crianças com TDAH e TEA frequentemente apresentam desafios nas funções executivas, como memória de trabalho, autocontrole e flexibilidade cognitiva. Uma forma criativa e envolvente de trabalhar essas habilidades é utilizar blocos de construção educativos. Esses materiais sensoriais permitem criar atividades que promovem foco, sequência lógica e autoconfiança, fundamentais em intervenções psicopedagógicas.
Benefícios dos blocos de construção no desenvolvimento de funções executivas
Os blocos de construção não são apenas brinquedos: eles funcionam como ferramentas psicopedagógicas poderosas. Ao manipular peças de diferentes formas, cores e tamanhos, a criança exercita processos cognitivos essenciais:
Memória de trabalho
A memória de trabalho é a capacidade de manter e manipular informações por curtos períodos. Ao solicitar que a criança reproduza uma sequência de peças vistas há poucos segundos, estamos desafiando sua memória de trabalho. Atividades como construir torres seguindo padrões ou memorizar instruções sobre o número de peças a serem adicionadas ou removidas ajudam a fortalecer esse componente executivo.
Inibição e autocontrole
Crianças com TDAH podem apresentar impulsividade. Ao propor jogos em que é preciso aguardar a vez, como uma pequena competição para encaixar uma peça após comando verbal, elas aprendem a pausar a ação e aguardar o estímulo correto. Isso contribui para o autocontrole e a capacidade de inibir respostas automáticas.
Flexibilidade cognitiva
A flexibilidade cognitiva envolve a habilidade de alternar entre diferentes tarefas ou estratégias. Em atividades com blocos, o psicopedagogo pode apresentar desafios que mudam o critério de construção ao longo do jogo: primeiro focar em cor, depois em forma ou em altura. Essa variação constante exige que a criança adapte seu plano mental.
Planejamento e organização
Montar construções mais complexas requer planejamento: selecionar peças, definir a ordem de encaixe e imaginar o resultado final. Ao trabalhar em etapas — como esboçar o projeto, separar materiais e executar —, a criança desenvolve habilidades de organização e estabelece conexões entre ação e objetivo.
Como planejar atividades com blocos de construção
Planejar intervenções eficazes envolve considerar características individuais da criança e objetivos terapêuticos. Veja como estruturar uma sequência de atividades:
Seleção de materiais
Escolha conjuntos de blocos com variações suficientes de cores, formas e tamanhos, evitando excesso de peças que possam causar dispersão. Kits modulares, que permitem encaixes interativos, são ideais para graduar a dificuldade. Além disso, kits de diferentes texturas podem ser incorporados para enriquecer a estimulação sensorial.
Adaptação para TDAH
Crianças com TDAH se beneficiam de atividades curtas e dinâmicas. Estabeleça metas de 5 a 10 minutos por tarefa, com pequenos desafios (por exemplo, “Construa uma torre de seis peças na cor azul”). Use cronômetros visuais e recompensas imediatas, reforçando cada conquista para manter o engajamento.
Adaptação para TEA
Crianças no espectro autista podem precisar de instruções visuais claras. Use cartões com desenhos ou fotos do passo a passo de cada atividade. Integre rotinas previsíveis e símbolos visuais que indiquem início, meio e fim de cada etapa. Essa estratégia garante segurança e autonomia durante a intervenção.
Exemplos de atividades práticas
Para facilitar a aplicação, apresentamos três propostas de atividades com blocos de construção:
Desafio de sequências
Monte um modelo simples (ex.: torre tricolor) e peça para a criança reproduzir a ordem das cores. Após algumas tentativas, troque o padrão. Essa variação envolve memória de trabalho e flexibilidade. Para aprofundar, incremente a tarefa com regras de inibição, solicitando que apenas blocos de tamanho específico sejam usados.
Construção de histórias em blocos
Incentive a criança a criar narrativas visuais. Cada peça representa um personagem ou elemento da história. Enquanto constrói, peça que descreva ou desenhe o enredo. Essa atividade estimula a linguagem, o planejamento e a organização de ideias. Integre também elementos sensoriais, relacionando texturas dos blocos a partes da narrativa.
Jogo de repressão de impulso
Disponha peças de várias cores e defina uma cor proibida. A criança deve montar livremente, mas não pode usar o tom vetado. A cada uso incorreto, revise a regra e peça que remova a peça, reforçando a habilidade de inibição. Esta dinâmica complementa estratégias de jogos terapêuticos e oferece variação para sessões de intervenção.
Recursos e materiais complementares
Além dos blocos de construção, você pode enriquecer suas sessões com outros materiais e referências. Livros sobre neuroeducação aplicados a atividades lúdicas auxiliam no desenvolvimento teórico e prático:
- Livros de neurociência aplicada à educação — exploram fundamentos para embasar suas intervenções.
- Biofeedback na Psicopedagogia — técnicas para autorregulação emocional e cognitiva.
- Exercícios de Neurobic — atividades sensoriais inéditas que complementam o trabalho com blocos.
Esses recursos fortalecem a prática, garantindo variedade e embasamento científico para suas intervenções.
Dicas para educadores e psicopedagogos
Para otimizar os resultados, considere estas orientações:
- Documente o progresso da criança: registe tempo de execução, nível de atenção e autonomia para ajustar desafios futuros.
- Varie a complexidade: alterne entre construções livres e guiadas, garantindo equilíbrio entre criatividade e estrutura.
- Trabalhe em duplas ou pequenos grupos: a interação social durante a tarefa reforça habilidades de comunicação e colaboração.
- Combine blocos com outros materiais sensoriais, como massas de modelar ou fitas coloridas, para potencializar a integração sensorial.
Conclusão
O uso de blocos de construção para estimular funções executivas em crianças com TDAH e TEA constitui uma estratégia lúdica, acessível e fundamentada em neurociência. Essas atividades favorecem memória de trabalho, autocontrole, flexibilidade cognitiva e planejamento. Para enriquecer ainda mais suas intervenções, vale investir em kits especializados e em leitura contínua de materiais teóricos.
Experimente incluir conjuntos avançados de kits de blocos de construção em suas sessões e observe o engajamento das crianças crescer. Boa prática e bons resultados!

 
 