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Como criar caixas sensoriais para estimular a consciência fonológica em crianças com dislexia

Aprenda a criar caixas sensoriais específicas para desenvolver a consciência fonológica em crianças com dislexia, com materiais e atividades práticas.

Como criar caixas sensoriais para estimular a consciência fonológica em crianças com dislexia

Desenvolver a consciência fonológica é um passo fundamental no processo de alfabetização, especialmente para crianças com dislexia que enfrentam desafios na associação entre sons e letras. As caixas sensoriais oferecem um ambiente lúdico e acolhedor, combinando estímulos táteis, visuais, auditivos e até olfativos, para fortalecer a percepção dos fonemas. Ao explorar diferentes texturas, sons e objetos, a criança estabelece conexões neurológicas que auxiliam na decodificação da linguagem escrita.

Para montar sua própria caixa, você pode adquirir um kit de materiais sensoriais com bandejas, areia colorida, grãos diversos e letras em relevo, facilitando a criação de atividades práticas. Esses itens complementam estratégias de psicopedagogia, potencializando resultados e tornando o aprendizado mais prazeroso.

O que é consciência fonológica e por que é importante para crianças com dislexia

A consciência fonológica é a habilidade de reconhecer e manipular os sons que compõem a fala, como sílabas, fonemas e rimas. Em crianças com dislexia, essa competência costuma apresentar atrasos, pois o cérebro enfrenta maior dificuldade em mapear a correspondência entre símbolos gráficos (letras) e os sons correspondentes. Sem essa base sólida, a criança pode sentir insegurança, frustração e desenvolver baixa autoestima frente às atividades de leitura e escrita.

Estudos em neurociência da educação mostram que a prática repetida e multimodal — que estimula simultaneamente diferentes sentidos — favorece a consolidação dessas conexões de forma mais duradoura. Nesse contexto, as caixas sensoriais atuam como um recurso prático e de baixo custo para reforçar a consciência fonológica, permitindo que o aprendiz vivencie cada fonema de maneira concreta.

Ao utilizar estímulos táteis (como grãos de arroz ou areia) e visuais (letras coloridas e formas em relevo), a criança estabelece memórias sensoriais que facilitam o reconhecimento auditivo dos fonemas. A repetição dessas experiências, acompanhada de feedback imediato do educador, potencializa os processos de neuroplasticidade, tornando as rotinas de leitura mais assertivas.

Benefícios das caixas sensoriais para dislexia

As caixas sensoriais oferecem múltiplos benefícios no trabalho com crianças com dislexia:

  • Multissensorialidade: ao integrar texturas, cores e sons, estimula redes neurais conectando percepção auditiva e cinestésica.
  • Redução da ansiedade: o aspecto lúdico torna as atividades menos intimidantes, colaborando para um ambiente de aprendizagem positivo.
  • Engajamento ativo: promove a participação ativa da criança, aumentando a motivação e o tempo de atenção.
  • Flexibilidade de adaptação: pode ser customizada de acordo com o nível de habilidade e preferências individuais.

Além disso, essas caixas podem ser combinadas a outras estratégias sensoriais, como a arte sensorial para crianças com TDAH e dislexia, ampliando o repertório de intervenções e oferecendo um leque variado de estímulos para cada fase do processo de alfabetização.

Como planejar sua caixa sensorial – Escolha de materiais

Planejar uma caixa sensorial eficaz requer atenção à diversidade de estímulos. É essencial selecionar materiais que trabalhem simultaneamente vários sentidos, mas sem sobrecarregar a criança. A seguir, os principais elementos para incluir:

Texturas e materiais táteis

O tato é um ponto de partida valioso para a consciência fonológica. Use materiais como:

  • Areia fina ou colorida.
  • Grãos de arroz, feijão ou milho.
  • Massinha de modelar ou argila macia.
  • Pelúcia leve e feltro.

Esses itens permitem que a criança desenhe letras e sílabas com os dedos, reforçando a coordenação motora fina. O contato repetido com texturas distintas cria memórias táteis associadas a sons específicos.

Elementos visuais

As cores e formas facilitam o reconhecimento de padrões. Inclua:

  • Pequenas placas com letras em relevo ou pintadas em cores vibrantes.
  • Cartões com sílabas para combinação dentro da caixa.
  • Formas geométricas que representam fonemas (triângulo para /t/, círculo para /o/, etc.).

Esses componentes auxiliam na associação visual entre o símbolo gráfico e o som, reduzindo a dependência de decodificação estritamente auditiva.

Sons e estimulação auditiva

Para reforçar a percepção dos fonemas, adicione:

  • Pequenos instrumentos musicais, como chocalhos e sinos.
  • Gravadores de voz portáteis para a criança ouvir a própria pronúncia.
  • Cartões com figuras e palavras que representem sons alvo (por exemplo, “sol”, “sapo”).

Intercalar a exploração tátil com a repetição do som correspondente fortalece a memória auditiva e a discriminação fonêmica.

Aromas e estímulos olfativos

Embora menos comuns, aromas suaves (baunilha, canela, lavanda) podem ser introduzidos de forma pontual. O olfato ativa regiões cerebrais ligadas à memória, criando gatilhos positivos que ajudam na fixação dos fonemas explorados.

Atividades práticas com caixas sensoriais

Depois de montar a caixa, é hora de propor desafios lúdicos. A seguir, três sugestões de atividades para trabalhar a consciência fonológica:

Jogo de correspondência fonema-grãos de arroz

Escreva fonemas em cartões coloridos e peça que a criança associe cada cartão a um punhado de grãos de arroz marcados com o mesmo símbolo. A interação entre o tato e a visão facilita a internalização do som representado.

Caça ao tesouro de sílabas na caixa de areia

Enterre pequenas placas com sílabas na areia e desafie a criança a encontrá-las uma a uma, pronunciando cada sílaba em voz alta. A atividade reforça a discriminação auditiva e o sequenciamento fonológico.

Sequência de sons com diferentes objetos

Disponha objetos que emitam sons distintos (sino, concha, caixinha de madeira) e oriente a criança a reproduzir a sequência sonora enquanto identifica o fonema inicial de cada som. Essa modalidade estimula a memória de trabalho auditiva e a categorização fonêmica.

Dicas para personalizar e adaptar ao nível da criança

Cada criança apresenta um ritmo de desenvolvimento diferente. Para ajustar as atividades:

  • Reduza a quantidade de itens inicialmente, aumentando conforme a criança ganha segurança.
  • Ofereça apoio visual extra, como setas que indiquem a ordem de exploração.
  • Modele a pronúncia antes de cada atividade, incentivando a repetição em voz alta.
  • Registre o progresso com fotos e gravações, criando um portfólio de conquistas.

Para avaliações periódicas, utilize recursos como o Kit de Avaliação Dinâmica com Materiais Sensoriais, que permite mensurar avanços na percepção fonológica.

Indicação de materiais e recursos

Veja alguns produtos recomendados para enriquecer suas caixas sensoriais:

  • Kit de bandejas sensoriais com areia colorida: facilita o preparo de atividades táteis diversificadas. Confira opções na Amazon.
  • Alfabeto em relevo de madeira: ideal para traçar letras e vincular ao som correspondente. Veja aqui.
  • Instrumentos sonoros portáteis: chocalhos, sinos e castanholas que reforçam a percepção auditiva.
  • Cartões de sílabas e fonemas: conjuntos prontos para impressão ou materiais laminados.

Combinar esses itens com atividades de arte sensorial para crianças com TDAH e dislexia amplia o repertório de estímulos, promovendo maior engajamento.

Considerações finais e recomendações

As caixas sensoriais para estimular a consciência fonológica em crianças com dislexia representam uma estratégia poderosa e acessível para psicopedagogos e educadores interessados em intervenções baseadas em neurociência. Ao personalizar materiais e atividades, é possível observar evolução significativa na percepção dos fonemas e na confiança do aprendiz.

Incorpore essas práticas de forma contínua e faça ajustes conforme o progresso. Lembre-se de documentar resultados e celebrar cada conquista, fortalecendo a autoestima e o vínculo com o aprendizado.


Professora Fábia Monteiro
Professora Fábia Monteiro
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