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Atualizado em 18/06/2021

Resenha do Filme: O Segredo de Brokeback Mountain

Descubra os segredos e as emoções contidas no vencedor do Oscar, O Segredo de Brokeback Mountain. Venha viajar comigo por este filme que conta a história de dois cowboys apaixonados que enfrentam o preconceito em uma das mais belas e tristes histórias da história do cinema. Leia a resenha e descubra tudo o que você precisa saber sobre este filme!

“O segredo de Brokeback mountain”, Diretor Ang Lee (EUA, 2005)

O filme descreve os complexos conflitos vivenciados por dois vaqueiros que se conhecerem durante um serviço de pastoramento de ovelhas na montanha de Brokeback no estado de Wyoming, durante o verão de 1963.  Durante os meses de isolamento no alto da montanha, Jack, um aspirante a peão de boiadeiro e Ennis, um rancheiro, desenvolvem um vínculo vago, encontrando-se no momento das refeições, até que certa noite os dois descobrem-se em um relacionamento apaixonado.

Quando o verão termina, eles seguem caminhos separados e, finalmente, percebem a profundidade de seus sentimentos. Então, inicia-se um relacionamento que dura 19 anos em que os dois tentam, desesperadamente, esconder seu amor daqueles que o cercam, de suas famílias, filhos e da sociedade.

Desta forma, os dois vaqueiros desafiam inutilmente o conceito pré-determinado do que é ser homem e permitem-se descobrir a si mesmos, quando isolados da influência da organização social e de suas limitações, conforme define o mito o homem natural descrito por Bleger em seu livro “Psicologia da conduta”. Ainda, pode-se ver explícito o mito do homem isolado, no momento em que Jack convida Ennis para dormir em sua barraca durante uma noite fria, fazendo sobrevir a necessidade gradualmente desenvolvida de relacionar-se com outro ser, após um período de solidão na montanha, expondo sua humanidade com o convívio.

A multideterminação do homem pode ser descrita como a base do relacionamento de Jack e Dennis que, apesar dos conflitos emocionais e do afastamento social, utilizam-se da linguagem (embora rica em olhares e pobre em diálogos), dos instrumentos de sobrevivência, do raciocínio e da subjetividade caracterizada pela consciência e identidade (quando na negação de sua relação, pelo sentimento de culpa) e pelos sentimentos e emoções inconscientes.

Desta forma o drama compreende a dualidade dos conflitos sociais envolvidos, predominantemente, nas relações homossexuais e da luta interior que travam contra si mesmos a fim de extrapolar os sentimentos condenados na época. Por isso, pode-se perceber que o romance entre os dois é envolvido por extremos de violência e relutância. No entanto, a dicotomia presente no filme engana quando pensam tratar-se apenas de um drama sobre um relacionamento entre dois homens, mas descreve, de forma abstrata, a dificuldade da rotina, da passagem de anos e da frustração quanto à realidade na busca da felicidade.

O filme faz referencia as atitudes de negação, resistência ao relacionamento por todos os valores morais e pelas impossibilidades da existência do diálogo  que fez com que ambos enxergassem a relação sem admitir que estavam apaixonados e/ou a possibilidade de serem homossexuais, fazendo da montanha Brokeback um mundo permissivo à parte, aonde as limitações sociais não são empregadas.

Dessa forma, pode-se afirmar que a única forma pela qual pode-se romper com as atitudes preconceituosas é desfazer da sociedade os dogmas de comportamento em um processo lento e contínuo de reformulação de pensamento, livrando do ser o sentimento de culpa e resistência. A educação continuada é o meio pelo qual progressivamente a sociedade poderá, um dia, despedir-se da xenofobia (uma fobia ao que é diferente) característica d sociedade.

O filme contribui na isenção do preconceito na medida em que demonstra a veracidade e a beleza das relações inter-sexuais e apresenta a intensa fragilidade do modo imposto de organização social que exige intensas reafirmações para impedir a dissolução das identidades já construídas como coerentes no tempo moderno mas que facilmente são fragmentados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1             Bleger, J. Psicologia da conduta. Artes Médicas, 1984.

2             BOCK, A. M. B. et all. Psicologias. Uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva, 2004.

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